Novos desafios no Corinthians após rompimento com VaideBet

A casa de apostas VaideBet anunciou nesta sexta-feira o rompimento unilateral do contrato de patrocínio máster com o Corinthians, uma decisão que marca um capítulo turbulento na relação entre a empresa e o clube.

O contrato, assinado no início do ano, tinha validade até o final de 2026 e envolvia um montante de R$ 370 milhões, dos quais o Corinthians já havia recebido cerca de R$ 66 milhões.

A VaideBet acionou a cláusula anticorrupção para justificar a rescisão do contrato. A decisão foi motivada pela abertura de uma investigação da Polícia Civil sobre um possível repasse de parte do valor de comissão do acordo a uma empresa supostamente “laranja”. Em resposta, o Corinthians criticou a empresa pelo rompimento em sua nota oficial.

A cláusula anticorrupção é uma ferramenta contratual que permite a rescisão do vínculo caso sejam identificadas práticas que possam comprometer a integridade do acordo. 

A VaideBet, ao acionar essa cláusula, argumentou que o vínculo com o Corinthians tornou-se insustentável devido à associação do clube com um escândalo de corrupção.

O escândalo citado envolve a denúncia de que a Rede Social Media Design, empresa que intermediou o contrato, teria repassado parte do valor recebido em comissão a uma empresa “laranja” chamada Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda. 

A Neoway estaria registrada no nome de Edna Oliveira dos Santos, que, supostamente, não tem conhecimento da existência da empresa.

Impacto Financeiro no Corinthians

Com a rescisão, Corinthians e VaideBet precisam agora negociar o pagamento da multa rescisória, estipulada em 10% do valor restante do contrato, aproximadamente R$ 30 milhões. No entanto, com base na alegação de justa causa, a VaideBet pode contestar a necessidade de indenizar o clube.

A notificação da VaideBet à diretoria do Corinthians mencionou que o noticiário recente estava prejudicando a imagem da empresa, tornando a relação contratual onerosa e arriscada, devido ao vínculo da marca com uma situação negativa. 

A situação foi exacerbada pela denúncia de que a comissão intermediada pela Rede Social Media Design, ligada a um ex-funcionário da campanha do presidente Augusto Melo, estaria sendo paga indevidamente.

O rompimento ocorre em um momento crítico para o Corinthians, que já enfrenta graves problemas financeiros. Segundo o balancete de março de 2024, o endividamento do clube aumentou em R$ 130 milhões nos primeiros três meses do ano, elevando a dívida bruta para R$ 2,1 bilhões. 

Esse valor inclui R$ 1,39 bilhão de dívida do clube e R$ 717,8 milhões relacionados ao financiamento do Neo Química Arena com a Caixa Econômica Federal.

Apesar das dificuldades financeiras, o Corinthians investiu significativamente em reforços. Na primeira janela de transferências do ano, o clube contratou 11 jogadores, gastando cerca de R$ 130 milhões. 

Esses investimentos, embora destinados a fortalecer a equipe, agravam ainda mais os problemas de fluxo de caixa do clube, que agora se vê privado de uma importante fonte de receita com a rescisão do contrato com a VaideBet.

Saída do goleiro Carlos Miguel

Além disso, o clube terá que lidar com a saída do goleiro Carlos Miguel, que comunicou sua decisão de se transferir para o Nottingham Forest, da Inglaterra, após o treino desta sexta-feira (08/06/2024). 

O valor da multa rescisória de Carlos Miguel, cerca de R$ 23 milhões, deverá ser depositado em breve, mas a saída do jogador representa mais uma perda significativa para o clube.

Neto detona Carlos Miguel e diretoria por situação do clube, uma vez que a multa do goleiro passou de R$ 286 milhões para R$ 23 milhões na gestão de Duílio Alves.

Demissão de dois Diretores

Como se as notícias ruins não fossem o bastante, a diretoria alvinegra sofreu duas baixas significativas após o anúncio da rescisão do contrato com a VaideBet. Rozallah Santoro, diretor financeiro, e Fernando Alba, diretor-adjunto de futebol, optaram por entregar seus cargos.

Anteriormente, a polêmica do “laranja” envolvendo a intermediária do acordo com a patrocinadora já havia motivado a saída do diretor jurídico Yun Ki Lee e do diretor jurídico adjunto Fernando Perino.

Tanto Santoro quanto Alba faziam parte do grupo político Movimento Corinthians Grande, da tradicional Chapa 82, que apoiou Augusto Melo na eleição que tirou o grupo de Andrés Sanchez do poder após 16 anos. A ala entende que o mandatário não cumpriu promessas de campanha e está insatisfeito após as seguidas polêmicas envolvendo o clube.

Salários Atrasados

Para completar o momento trágico do Corinthians, o clube atrasou o salário de todos os funcionários e jogadores referentes ao mês de maio. O pagamento dos vencimentos deveria ter sido feito na última quinta-feira, 6, mas não foi.

Procurado, o time alvinegro alegou que os atrasos se devem a “problemas operacionais no fluxo de caixa”. O clube afirmou que os funcionários e gestores foram avisados e que os pagamentos serão feitos na segunda-feira, 10.

Neo Química Arena Sem Energia

A cereja no topo do bolo da situação corintiana foi a falta de energia na Neo Química Arena. O estádio ficou mais de 24 horas sem luz, com a energia retornando somente no final da noite de sexta-feira (08/06/2024).

Segundo a Enel, a “interrupção no fornecimento de energia, que teve início nesta quinta-feira, na Neo Química Arena, ocorreu em razão de um defeito interno nas instalações do estádio”.

O Corinthians agora enfrenta um período de grande incerteza. A necessidade de encontrar um novo patrocinador máster é apenas uma das várias questões que a diretoria precisa resolver. 

As demissões na diretoria, os salários atrasados e os problemas operacionais no estádio são sintomas de uma crise mais profunda que exigirá medidas contundentes de gestão e transparência.

A situação financeira do clube está no limite, e a gestão de Augusto Melo está sob intensa pressão. Para superar essa fase, o Corinthians precisará não só de soluções imediatas para os problemas de fluxo de caixa, mas também de uma estratégia de longo prazo que restabeleça a confiança dos patrocinadores, dos torcedores e dos próprios membros da diretoria.